Pindura, você pratica?
Luiza Chelegon Cúrcio
luiza@webcampinas.com.br
No dia da Pindura, o cliente sai do
restaurante sem pagar a conta. O privilégio, no entanto, é só
dos estudantes
de Direito.
O primeiro curso de direito do
Brasil foi inaugurado em 11 de agosto de 1827. Os estudantes do
curso do Largo São Francisco, instituído por Dom Pedro, recebiam
refeições dos comerciantes locais como forma de incentivo. Mas,
ao longo dos anos, foi impossível sustentar a pratica, devido ao
aumento do numero de alunos de direito. Assim foi criado o dia
da Pindura, uma forma divertida de comemorar a inauguração da
faculdade.
O ato não é considerado criminoso, uma vez que o consumidor possui o dinheiro para pagar
a conta, mas apenas não faz o pagamento. O artigo 176 do Código
Penal declara ser crime apenas quando o consumidor não dispõe de
dinheiro para o pagamento. A estagiária de direito Priscila Santini sugere que os estudantes combinem uma alternativa com o
dono do estabelecimento. “Eles podem ligar antecipadamente e
pedir um descontão”, diz. “Nessa situação, cada um defende o seu
lado: o estudante defende o direito e a tradição, enquanto o
estabelecimento defende o desbanque que
teve no caixa”, diz Santini.
O restaurante Giovanetti tenta
fugir da pindura. “Às vezes é difícil escapar, mas felizmente
este ano ainda não tivemos nenhuma pindura”, comenta o garçom
Nilson (foto). Já o garçom Genilson, do mesmo estabelecimento,
comenta que a prática ainda acontece, mas em menor escala. “O
ano passado tivemos uma pindura bem criativa. Um rapaz chegou
aqui com um senhor e consumiu várias coisas. Decidimos não
cobrar antecipadamente, pois não achamos que levaríamos o
prejuízo. Mas de repente, o senhor foi embora e chegaram mais
três estudantes. Aí eles acabaram pendurando a conta”, relembra
o garçom.
Campinas, 11 de
agosto de
2008 |